Seringal Cachoeira, 1951 – 2023 (Rio Branco)
Xapuri | Acre
A família ‘sabiá’ como era popularmente conhecida foi o berço musical de Mestre Pedro. Seu pai tocava e afinava todos os tipos de sanfonas e dele aprendeu o ofício, sua mãe era violinista e seus irmãos igualmente músicos. Também faz parte da família o afamado sanfoneiro Monteirinho, de quem é primo. A família de Chico Mendes convivia próxima a eles, e com ele cresceu trabalhando no seringal e tocando nas festas. Pedro também lutou lado a lado nos empates contra o desmatamento, foi preso e ainda após o assassinato do líder seringalista
continuou seguindo o legado musical de seus pais e o legado de defesa das florestas. Seguiu na resistência trabalhando 40 anos no corte da seringa até que a pressão dos fazendeiros tornou sua subsistência insustentável, forçando-o a migrar para a periferia de Rio Branco. Em sua residência no Recanto dos Buritis, montou uma oficina onde trabalha com afinação e reforma de sanfonas, fazendo com que sua casa seja espaço de referência e ponto de encontro ao reunir músicos tradicionais de diversas partes do estado. Atualmente, é o único afinador deste instrumento no estado e um dos últimos a executar a sanfona de botão, conhecida no Acre por harmônica. Também possui raro conhecimento em executar todos os tipos de sanfonas, voz trocada, normal e uma sanfona híbrida entre voz trocada e acordeom. Seu repertório apresenta a musicalidade a partir do período do “Arrigós”, soldados da borracha, predominando elementos nordestinos que se agregam à música do tempo dos “brabos”, justamente no 1º ciclo da borracha que possui elementos de outros estados da região norte e indígenas locais.
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