Rio Juruá Mirim, 1931
Vale do Juruá | Acre
Mâncio Lima, 2018
Patrimônio vivo e zelador da cultura musical da Amazônia Ocidental, tocou violão e violino, viajando desde a juventude para além das fronteiras brasileiras subindo de canoa as cachoeiras das cabeceiras dos rios que correm na fronteira com o Peru, em Pucalpa e em muitos seringais dos dois países. Preserva em sua memória vasto repertório envolvendo Cumbias, Valsas, Mazurcas, Huaynos, Boleros, Desfeiteiras, Choros, Xerém, Baques de Samba e Marchas em música instrumental e canções, sendo que muitas dessas composições fazem parte dos carnavais do começo do século nas fronteiras. No violão também é solista, e, com a voz exímio
cantor, toca rabeca em 3 afinações, cavaco, banjo, arco de boca, maracas e tambores. Foi construtor de barcos e aprendeu com o irmão a ser Mestre Luthier de violão e cavaco, utilizando como matéria-prima a raiz de apuí, um cipó que se transforma em uma árvore gigante. Sua música possibilita chegarmos mais perto das matrizes rítmicas e harmônicas dos povos da Amazônia Ocidental antes das fronteiras criadas pelos europeus. Em sua execução das marchas, por exemplo, podemos escutar da cumbia peruana à pandidja Ashaninka, divididas num espectro com nomenclaturas específicas para diferentes andamentos, como por exemplo, “marcha macia”, “marcha ligeira” e assim por diante. Em novembro de 2017, aos 86 anos, pela primeira vez sobe num palco de teatro com o projeto Interculturalidades, do SESC Diretório Nacional | Regional Acre, nas cidades de Brasiléia e Rio Branco com o show “Música Sem Fronteira”.
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