Estado do Ceará, 1932
Raimundo Marques Vieira, nascido em 1932 no Ceará e criado nos bosques acreanos, teve sua infância marcada pelo trabalho árduo no corte e defumação de seringa, impossibilitando sua participação em escolas formais. Órfão após a partida de seus pais, encontrou abrigo junto ao agricultor Irineu Serra, fundador do Santo Daime, influência que moldou sua vida por anos. Com uma veia artística pulsante desde a infância, Raimundo sonhava em construir aviões, mas sua trajetória o conduziu à escultura e pintura, utilizando materiais inusitados como capim para
pincéis e restos de PVC para suportes. Sua técnica única, aprendida na tradição de esculpir na madeira do algodoeiro, trouxe à vida figuras humanas articuladas e outras obras, incorporando também materiais recicláveis. Raimundo resistiu na zona rural do Bujari, na Floresta Estadual do Antimari, preservando suas raízes seringueiras. Apesar dos desafios, sua arte, desprovida de esquemas acadêmicos, refletiu a riqueza de sua observação direta da floresta. Sua contribuição artística foi documentada em um curta-metragem produzido pela Usina de Arte João Donato, eternizando sua essência criativa.
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